imagem

imagem
Mestre Tabosa, discípulo do Mestre Arraia, deu continuidade à Capoeira de Brasília desde 1964. Ganhador do "Berimbau de Ouro" junto com o Grupo Senzala em 67, 68 e 69. Em 1974 inaugurou a Primeira Academia de Capoeira e Ginástica oficial de Brasília, a Academia Tabosa. Interessou-se também por outros esportes como Judô (Faixa Preta), Sumô, Esgrima, Professor Renomado de Ginástica Localizada Brasileira e Competições de Maratonas, Triatlons e Canoagens. Na área das Artes participou de Teatro, Cinema e Pioneiro nos Palcos de Músicas de Brasília participando de vários Shows e Concursos de Música Popular Brasileira como Intérprete e Compositor, um polímata. Seu Blog vai disponibilizar todas as facetas deste Grande Homem Sempre à Frente do seu Tempo. Dedicado principalmente à Capoeira, nossa Arte Luta, genuinamente Brasileira. Uma Lenda Viva!

terça-feira, 29 de junho de 2021

Resgate da História do Nosso Grande Mestre Arraia

Venho ressaltar nesse momento o ótimo trabalho de resgate histórico da vida do meu Mestre Arraia, Aldenor Benjamin, através da pesquisa atenta do nosso historiador Rubens, Gabriel, Thiago Baldez, Tereza e principalmente a Marília por todos os dados minuciosos com nomes, data e locais desta história do Mestre Arraia.

É essa união de energia e de pessoas que de certa forma estão interligados pelo mesmo interesse, que a verdadeira história hoje se faça presente, mantendo vivo esse legado e grande registro da história da Capoeira e nossa em particular de Brasília.

Meu axé a todos e muito obrigado, 

Tabosa

Criamos um álbum de fotos e intercalamos com o texto da Marília homenageando seus pai, Aldenor (Mestre Arraia) apresentado no Projeto Saberes dos Mestres In Memorian.





Inventário de memórias afetivas do nosso pai

Nosso pai era um ser especial e genial
Recebeu o nome de Aldenor Carvalho Benjamin
Veio de uma família de muitos A’s
A de Amarílio, Arlinda, Adilson, Áli
A da primeira letra do alfabeto A de sua palavra preferida “AMOR”
A de Arraia, nosso mestre de Salvador 
Foi o primeiro no coração de sua filha Marília 
E mestre pioneiro na capoeira de Brasília 

 



Nosso pai nos ensinou a perceber as coisas mais simples
Ver a onda do mar que bate na pedra, ela vai e vem 
Escutar seu violão e sentir suas cordas swuingando 
Ouvir a beleza e leveza dos sons dos pássaros 
Saborear as comidas da Bahia e descobrir que 
Acarajé com guaraná no Rio Vermelho é uma das maiores delícias desse mundo 
Reverenciar nossas origens e nossas dores 
Reconhecer nossos ancestrais, nossa cor e nossa luta 
Movimentar nossos corpos com ginga, dança 
E sempre ter mandinga, quando necessário 
Com ele, não tinha guéri-guéri 
Gostava das palavras bem-ditas 
Do olho no olho e do afeto trocado 

 



Nosso pai era um ser generoso e visionário 
Podia dar tudo o que tinha no bolso (às vezes até do banco) 
Se houvesse verdade no pedido 
De inteligência rápida e certeira 
Passava horas compartilhando pensamentos e conhecimentos

 

 


Rememorava causos de infância 
Uma possível vocação para seminarista 
Uma antiga noiva chamada Amália 
Sua incrível paixão pela nossa mãe Fernanda 
E a história com sua companheira de vida e netos, Tereza 

 

 


Nosso pai era terrivelmente curioso e autodidata 
Pesquisava em livros de histórias escondidas, de física quântica e filosofia 
Gostava de reconstruir nossa árvore genealógica 
Entender como o sangue africano e europeu se cruzavam nas nossas veias 
Era cheio de teorias e conspirações Plantou em nós a justiça e nos ensinou a ver as desigualdades 
Nos estimulou a buscar força na comunidade e no Universo 
E nos dizia “somos todos um” 
Embora existam diferentes religiões e partidos políticos 
Temos uma missão importante e ela é única 
Sua mensagem era sempre de amor e de vida 

 

 

Nosso pai era sedutor e brincalhão 
Recebia com aquele sorriso no rosto e um abraço caloroso 
Gostava de estar rodeado de gente e de crianças 
Mas quando se enfezava com algo 
Era melhor nem discutir, nem rebater 
Ou você acabava por se arrepender! 
Era preciso deixa-lo falar e falar até se acalmar 
Meu grande menino, dizia ter sido meu primeiro paciente 

 


Ah se eu pudesse... 
Trazia papai de volta ao menos por um dia 
Para ele conhecer suas netas Cora, Luiza e Natália 
Ele ia explodir de alegria, posso imagina

 




Trazia papai de volta ao menos por um dia 
Para ele ver como Tereza, sua última companheira 
Continua jovem, bonita, forte e cuidando de todos 
Trazia papai de volta ao menos por um dia 
Para ele sentir como nós, seus filhos, temos muito dele 

 


Apesar de não jogarmos capoeira numa roda 
Tentamos manter o Espírito a Arte da capoeira em nossas vidas 
Aprendemos a perceber quando é a hora da benção 
A hora do chiado do berimbau 
A hora de florear e contemplar a plateia
A hora de respirar e caminhar na roda 
E quando é hora do compasso e lançar o rabo de arraia 
Ou até mesmo um belo de martelo rodado! 

 

 

Nosso pai nos deixou tanto dele 
Apesar da distância e do pouco tempo juntos 
Apesar da loucura e da inquietação 
Apesar de sua ida tão cedo dessa lida 
Muito dele ficou em nós A Bahia ficou em nós 
O amor ficou em nós A coragem ficou em nós 
O Bem ficou em nós A vida ficou e continuou através de nós 

 

 


Marília Sobral Benjamin – filha do Mestre Arraia e da professora Fernanda Sobral, mãe da Cora. Mulher sonhadora, sensível e determinada. Psicóloga do SUS, trabalha com arte, cultura e Saúde Mental. 19/04/2021













Abaixo Link para a história contada pelo Mestre Tabosa da continuidade do legado e seus discípulos

Mestre Arraia e seus Mestres








Um comentário: