Todo o tempo que vivenciei a Capoeira tanto ministrando aula, como nas rodas que participava, o ritmo usado nunca era questionado; hoje depois de tantos anos vejo, com todo respeito, a inclusão de um ritmo de “palmas”, mas querendo afirmar que as “palmas” rítmicas na Capoeira Regional, tem uma batida seca e métrica com: 1,2,3, como sendo a usada na academia do mestre Bimba.
O
que me causa espanto é que se você fizer hoje uma pesquisa nesse
assunto, vai se deparar com uma
afirmação simplória dizendo: “como
diz a música, a palma de Bimba é, 1,2,3!”.
Uma pesquisa não pode afirmar sem ter tido algum estudo do assunto.
A música que a pesquisa em questão, foi feita nos tempos atuais, por um mestre que tem meu respeito e para tanto vou preservar seu nome, mas vejo muitos repetirem até talvez tornar verdade, sem fazer qualquer análise dos fatos.
Devo dizer que sempre achei a palma dita de Terreiro, como normal dentro da Capoeira e coerente com a ancestralidade e é essa coerência que vou me basear, mostrando minha maneira de ver tudo isso onde digo: “a palma de Bimba” não é 1,2,3!
Pois vejamos: Mestre Bimba como todos sabem da história, criou a Capoeira Regional advindo da Capoeira existente na época, que depois da sua criação definiu-se como Capoeira Angola.
A Capoeira Angola pela sua tradição a “palma” é a de Terreiro, influência essa que mestre Bimba teve.
Como sabemos também, mestre Bimba tinha um terreiro de Candomblé, onde é usual a “palma de Terreiro”.
Quando
mestre Bimba queria na sua "roda" mais festiva, fazia uso
das "mães de santo e filhas de santo do seu terreiro, que
também seria natural o uso da "palma de Terreiro".
Na
academia do mestre
Bimba, só ele tocava o berimbau
deixando para seus alunos a preocupação mais em "jogar" a
Capoeira.
O autor da música em questão afirmou que a "palma de Bimba é 1,2,3, porque o Mestre queria imitar a batida do pandeiro, mas a batida do pandeiro na Capoeira é em 4 tempos ou 4 batidas.
Confesso que nunca me senti confortável nessa batida métrica de 1,2,3 e tenho observado nos dias de hoje, nas “rodas” que tocam São Bento Grande da Regional acompanhada da “palma de Terreiro”, o axé é alto e o jogo fica mais cadenciado.
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